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São Paulo, SP, Brazil
Uma deficiente visual (Retinose Pigmentar), que vê a vida, como um presente à ser desfrutado.

sábado, 17 de setembro de 2016

A vida por 1 ponto de vista - Cap XIX

Deficiencia...?
 
Muitas vezes fiquei observando e constatando que as pessoas tem freqüências e/ou sintonias mentais que captam outras, que vivem as mesmas situações, ou pelo menos, parecidas e que um imã invisível as atrai.
A convivência com meu primo Eloy, que era paraplégico, desde que nasci, fez com que eu visse a deficiência como uma coisa natural da vida.
E, é!
Quando mudamos para Apiaí, no interior de São Paulo, por causa do trabalho do meu pai, meu irmão e eu, ganhamos muitos amigos que nos acolheram com tanto carinho, que nunca nos esqueceremos, mesmo com a distância e o tempo que nos separa, levando nossas vidas  para outros rumos.
As circunstancias nos levaram para caminhos diferentes, mas. o elo que nos uniu nunca será rompido.
Tenho certeza que eles lembram sempre da gente, tanto quanto nós, deles.
Um dos amigos do meu irmão, tinha sido vítima da ”Paralisia Infantil”. Era arredio, sério e, segundo a mãe dele, um tanto revoltado.
Acho que quando descobriu que meu irmão tinha uma deficiência visual e convivia com isso de maneira leve e natural, se sentiu mais à vontade diante das próprias dificuldades e foi se aproximando, até começarem uma grande amizade.
Tenho certeza que, se tornar amigo do meu irmão, foi um divisor de águas em sua vida; que esta amizade foi um fator fundamental, na melhoria da qualidade de vida psicológica dele, e principalmente, por que tudo isto aconteceu,  em uma fase tão  importante das nossas vidas: a adolescência.
Esse garoto foi se abrindo para a vida, naturalmente, percebendo, gradativamente, que a deficiência, seja ela qual for, não torna a pessoa melhor ou pior do que as outras, apenas diferente, com suas caracteristicas próprias, como a cor dos olhos,  tipo de cabelo, etc...
Todo mundo tem que conviver com suas deficiências, sejam elas físicas, intelectuais , sociais, ou qualquer outra.
Ninguém é dono da verdade; só esse fato, faz com que todos sejamos deficientes.
Ao longo do tempo, esse nosso amigo, deve ter percebido que usar um aparelho na perna, não interferiu em nada, na sua vida pessoal e profissional; ou que, pelo menos, essa interferência, foi muito menor do que ele temia, assim como nós, com a nossa deficiência visual.
Meu irmão e eu, numca deixamos de viver experiências deliciosas, e muito menos nos tornamos adolescentes e adultos amargos e introspectivos.
Sempre levamos a vida e as dificuldades com bom humor, nos divertindo com situações bizarras que passamos por causa da baixa visão.
A convivência com nosso primo Eloy, e sua maneira sábia de encarar a vida, nos ensinou muito, pois, sua tetraplegia, numca impediu que ele exalasse tanta inteligência, bom humor e alegira de viver.
Com o tempo, fui percebendo que existem deficiências muito piores, como: a de caráter,  de bom senso, de sensibilidade, etc...
 

domingo, 4 de setembro de 2016

A vida por 1 ponto de vista - Cap XVIII

Na cachoeira da Toca

            Essa história poderia muito bem, ter como título uma frase de autoria duvidosa: Lao Tsé,  Jean Cocteau, Mark Twain...: “Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fêz”.
A bem da verdade, eu já tinha ficado com muita vontade de conhecer a cachoeira da Toca, na Ilhabela, desde que uma amiga nossa tinha falado coisas incríveis, sobre esse lugar.
Na época em que os parques infantis tinham os grandes tobogãs, nossa amiga contou que foi em uma cachoeira, na Ilhabela, que tinha um tobogã natural, esculpido nas pedras, pelas àguas da corredeira.
            Meu irmão e eu, ficamos ansiosos pela chegada das férias, para irmos até lá.
            Acho que até meus pais ficaram curiosos, pois, logo disseram que nos levariam, com os pais da Elayne e do Tico, que sempre compartilhavam as férias, feriados e descobertas, com a gente.    
            Logo, no início das férias, quando chegamos em Caraguá, começamos a programar o passeio na Ilhabela.
Estávamos em 11 pessoas.
Nossos pais: tia Ignês, tio Cláudiok “tia” Elza, “tio” Alcides (adultos) e, nós, os filhos: Niltinho, Elayne, Tico, meu irmão e eu.
Tivemos que acordar bem cedo, pra não pegarmos fila na balsa, e aproveitarmos bem o dia, na ilha.
            Nossas mães prepararam tudo para um delicioso piquenique e fomos, ansiosos, para conhecer o tal tobogã natural,
            Já tínhamos ido varias vezes até a ilha, e desde muito pequena já ficava deslumbrada com a beleza do lugar: os mistérios da pedra do sino, o clima tão bucólico da Vila, com sua arquitetura colonial do tempo dos engenhos, a casa da fazenda do Engenho D’agua, a vegetação tropical taõ exuberante, as praias...
Demoramos um pouco para encontrar o lugar, pois, a cachoeira, fica em uma propriedade particular em uma estrada bem rudimentar que atravessa a ilha, de Oeste à Leste, até a famosa Praia dos Castelhanos, que eu ainda não tive oportunidade de conhecer, mas, gostaria muito.
            O trajeto desta estrada, é difícil, mas, pode ser feito com carros fortes como um jipe 4 X 4, a pé, ou por mar, como fazem os pescadores que moram no lado Leste da ilha.
O trajeto feito à pé, e frequentemente feito pelos mochileiros e campistas.
            Alguem viu, ao chegarmos, uma placa, escrita à mão, sinalizando: Cachoeira da Toca.
            Fomos entrando pela mata, seguindo o som da corredeira.
O lugar tem uma vista deslumbrante!
            Só natureza, repleta de cores e sons.
            Um recanto com uma espécie de lago, à esquerda, rodeado pela mata atlântica; à direita, uma espécia de escada natural, que acompanha o terreno em aclive, formada pelas pedras, que dá acesso à tão famosa: ”Cachoeira da Toca.
Já tinham me dito que ali, a gente poderia entrar pela lateral esquerda, e ficar entre o rochedo e a queda d’àgua. Fomos entrando, um à um, esperando, até todos estivessem lá, para pudéssemos compartilhar aquela emoção, aquele deslumbramento, de descoberta, boiando em uma espécia de poço, com uma rocha em nossas costas, e a forte queda d’àgua à nossa frente; tomando coragem para fazer o que tinham nos ensinado: dar um impulso com o pé na rocha, em direção à queda d’âgua, de barriga, usando a força da àgua para nos impulsionar para fora daquela espécie de refúgio.
Era mágico!
A gente sentia como se tivesse descoberto um lugar secreto.
            Mas, quando saí, percebi que tinha dado um impulso muito forte, e por isto, perdi o controle da velocidade, e fui levada pela correnteza.
Meu pai, logo percebeu que eu estava sendo levada pela conrredeira e tratou de pular na minha frente, bloquear a minha passagem, me tirando da àgua, assustado.
A minha mãe e os meus tios, também se assustaram.
Voltando, descendo pela escada de pedras, no final dela, reencontramos a plataforma de pedra; uma rocha grande, que dá acesso, à esquerda,  ao famoso tobogã natural.
Nós, meus pais, meu irmão e eu, já sabíamos que era só entrar pela parte mais alta, para que a corredeira nos conduzisse pelo “grande escorregador”.
Ficamos todos parados, nos entreolhando e esperando que alguém tomasse a iniciativa, e ser o primeiro à escorregar.
Depois de alguns segundos de silencio, como ninguém se manifestou, e eu sabia que era seguro, e que muita gente já tinha escorregado ali... Adivinha quem se propôs à ir primeiro...?
Dei meus óculos para alguém segurar, e... Lá fui eu...
Nós tínhamos conhecimento de que muitas pessoas já tinham escorregado ali, por isto, eu tinha certeza de que não correria nenhum perigo.
Me enganei.
Quando estava na metade do trajeto, de repente, vi uma saliência enorme da pedra à minha direita, se aproximando, rapidamente.
Só deu tempo de colocar a mão direita na pedra e dar um impulso para a esquerda, para desviar dela.
Quando cheguei às àguas calmas da piscina natural, fiquei aliviada e achei o lugar ainda mais relaxante, com a luz do entardecer.
Consegui sair de lá, com a ajuda de todos e de um tipo de puxador de ferro, incrustado na plataforma de pedra que se espraiava até a ”piscina”, com uma inclinação bem íngreme.
Esta espécie de puxador, ajuda bastane na saída dos banhistas, principalmente, quando a pedra já está molhada e escorregadia.
Depois que saí da àgua, todos comentaram sobre o perigo de escorregar muito pela direita por causa da saliência, ameaçadora, da pedra do lado direito da corredeira.
Assim, fomos pegando o jeito, e nos divertimos muito, apesar do esforço ao sair da àgua.
Aproveitamos aquilo tudo até o finalzinho da tarde, quando começou escurecer e nossas forças se esgotaram de tanto subir e escorregar, subir e escorregar..
Em muitas situações como essa, eu poderia mudar a famosa frase para: “Não sabendor que era impossível, fui lá e fiz!”        
           

sábado, 3 de setembro de 2016

A vida por 1 ponto de vista - Cap XVII

Deficiencia...?

Muitas vezes fiquei observando e constatando que as pessoas tem freqüências e/ou sintonias mentais que captam outras, que vivem as mesmas situações, ou pelo menos parecidas, e parece que um imã invisível as atrai.
A convivência com meu primo Eloy, que era paraplégico, desde que nasci, fez com que eu visse a deficiência como uma coisa natural da vida.
E, é!
Quando mudamos para Apiaí, no interior de São Paulo, por causa do trabalho do meu pai, meu irmão e eu, ganhamos muitos amigos que nos acolheram com tanto carinho, que nunca nos esqueceremos, mesmo com a distância e o tempo que nos separa, levando nossas vidas para para outros rumos.
A vida nos levou para caminhos diferentes, mas. o elo que nos uniu nunca será rompido.
Tenho certeza que eles, também,  lembram sempre da gente, tanto quanto nós, deles.
Um dos amigos do meu irmão, tinha sido vítima de paralisia infantil. Era arredio, sério e, segundo a mãe dele, parecia um tanto revoltado.
Acho que quando descobriu que meu irmão tinha uma deficiência visual e convivia com isso de maneira leve e natural, se sentiu mais à vontade diante das próprias dificuldades e foi se aproximando até começarem uma grande amizade.
Tenho certeza que, se tornar amigo do meu irmão, foi um divisor de águas em sua vida.; que esta teve uma participação fundamental, na melhoria da qualidade de vida psicológica dele. Principalmente por que tudo isso aconteceu numa fase tão  importante de nossas vidas: a adolescência.
Esse garoto foi se abrindo para a vida, naturalmente, percebendo gradativamente que uma deficiência não faz com que as pessoas sejam melhores, ou  piores do que as outras.
Todo mundo tem que conviver com suas deficiências, sejam elas físicas, intelectuais , sociais, ou qualquer outra.
Ninguém é dono da verdade e só esse fato, faz que que todos sejamos deficientes.
Ao longo do tempo ele deve ter percebido que usar um aparelho na perna, não interferiu em nada, na sua vida pessoal e profissional; ou que, pelo menos, essa interferência, foi muito menor do que ele temia, assim como nós, com a nossa deficiência visual.
numca deixamos de viver experiências deliciosas, e muito menos nos tornamos adolescentes e adultos amargos e introspectivos.
Sempre levamos a vida e as dificuldades com bom humor, nos divertindo com situações bizarras que passamos por causa da baixa visão.
A convivência com nosso primo Eloy, nos ensinou muito neste sentido, porque, sua tetraplegia numca impediu que ele exalasse tanta inteligência, bom humor e sabedoria  de vida.
Com o tempo, fui percebendo que existem deficiências muito piores, como: a de caráter,  de bom senso, de sensibilidade, etc...

 

A vida por 1 ponto de vista - Cap XVI (3ª Parte)

Tombos inesquecíveis – (3ª Parte)

Quando entrei na faculdade (Arquitetura, Paisagismo e Urbanismo), mudamos para a casa nova, meu irmão (cursando Direito) e eu, tinhamos que ir até a estação do trem, próxima a casa dos meus avós, onde moramos provisoriamente, para pegar o trem dos estudantes.
            Ironias da vida.
O lado bom, é que meu pai, meu pai nos dava carona, na ida, e encontrávamos, com amigos que sempre nos ajudavam nos embarques e desembarques dos trens.
            A viagem, já era uma festa, pois, mesmo estudando em cursos diferentes, íamos todos juntos, e muitas vezes, na volta, encontrávamos alguns amigo, pegando o trem no mesmo horário.
            Um ano depois, a Elayne e o Rudson também entraram na Arquitetura, e isso facilitou muuuuuito a minha vida, pois me sentia mais segura, em contar com a companhia deles; depois de algum tempo, a Sílvia (que chamamos de Sílvia Mazzucca, por causa do sobrenome materno, e do seu tio-avõ,  músico famoso), se juntou a pleiade dos meus anjos protetores.
            Mas, nem sempre os nossos horários coincidiam, mesmo depois que ficou pronta a Estação dos Estudantes, muitas vezes, eu tive que voltar sozinha e como me sentia muito insegura, até hoje tenho pesadelos, sentindo esta insegurança de ter que pegar o trem, sozinha, com tanta dificuldade visual.
            Na minha classe, a maioria dos alunos era de São Paulo, e isto dificultou muito, nossa convivência fora da faculdade, por isso as amizades não se aprofundaram, infelizmente.
            Um dia, saindo mais cedo do que esperava, por causa da falta de um professor, saí mais cedo, e quando estava chegando no saguão de entrada, ao invés de virar à esquerda, no saguão, para sair pela porta principal, resolvi ir em frente, até a cantina, para ver se encontrava alguém conhecido que me acompanhasse até a astação,
            Foi aí que dei azar.
            Ao ir em frente, não percebi que tinha uma caixa de inspeção, aberta,
sem qualquer sinalização, e caí em um buraco de mais ou menos 40 cm de profundidade, espetando um ferro estrutural, na “canela” direita.
            A engenharia estava em peso, no saguão, em uma reunião de diretório, e ao cair, de vergonha, saí imediatamente, sentindo umas mãos, me ajudando e me apoiando.
             Parecia um anjo saído do nada.
 Era o Celso, uma colega de classe.
            Eu estava tão tonta, com tanta dor, que fui em direção ao banheiro feminino, amparada por ele, sem lembrar que o acesso era restrito às mulheres.
            Em questão de minutos, uma funcionária da faculdade, entrou, me dizendo que meu colega havia pedido para que ela entrasse no banheiro e me ajudasse.
            Ela me levou para o ultimo box, que tinha chuveiro e ligou o chuveirinho para lavar o sangue da minha “canela” que jorrava forte, impedindo que a agua limpasse o ferimento.
A funcionária, então, enrolou um rolo inteiro de gase, bem forte, para estancar o sangue prendendo a gase, com esparadrapo, para que eu pudesse pegar o trem, e em Poá, procurar socorro.
Quando estava saindo pela porta principal, o Celso e um amigo vieram logo atrás de mim, que estava mancando. e o amigo dele brincou comigo, dizendo:
—Deixa que eu chuto!
Fingi que achei graça, morrendo de dor, e muito boba, nem pedi ajuda.
Logo depois, encontrei com eles, rapidamente, na estação, com a dor aumentando, mas, dando graças à Deus, não ter perdido o trem, pois, queria chegar em casa o mais rápido possível.
Quando cheguei na estação de Poá, ao descer do trem, o curativo começou a cair com o peso do sangue. Estava encharcado.
Então, com cuidado, fui até a farmácia do “seu” Pedrinho, e pedi para que ele fizesse um curativo.
O farmacêutico examinou com cuidado, e me disse que drtis mrlhor que alguém me levasse ao Pronto Socorro, pois, o ferimento necessitava de pontos.
Ele mesmo, ligou para minha casa e meu pai, veio me buscar, imediatamente.
Meu pai, sempre tão cuidadoso com seu carro, estava tão nervoso, que ao abrir a porta, bateu em um poste; mas, nem ligou.
Entrou correndo na farmácia e me levou para o Pronto Socorro, enquanto eu fui contando como tudo aconteceu.
Tiveram que me dar 2 pontos internos e alguns externos, o que me surpreendeu, por ser uma parte tão perto do osso, uma injeção antitetanica. Com uma dose “cavalar” de analgésico.
No dia seguinte, quando meus colegas de classe, me viram de muletas, e aquele curativo enorme, ficaram surpresos, pois, não tinham noção de que o ferimento havia sido tão grave.
Só, então, tive oportunidade de agradecer ao Celso, pelo seu socorro tão providencial.
 

A vida por 1 ponto de vista - Cap XVI (2ª Parte)

Tombos inesquecíveis – (2ª Parte)
            Moramos seis anos em Apiaí, interior de São Paulo, onde também chegou a morar, alguns anos, a grande escritora, Lygia Fagundes Telles, pois, seu pais era juiz.
Meu  pai, por sua vez, foi uns dos pioneiros à trabalhar na implantação da fábrica de cimento da Camargo Correa: cimento Eldorado.
            De volta pra Poá, nem me lembro como foi, mas a minha mãe já tinha providenciado a minha matricula na mesma classe de nossa prima,  Lizete.
            Por ironia do destino, enquanto morávamos no centro de Poá, na casa dos meus avós, perto da estação de trem, eu estudava no colégio perto da minha antiga casa, que era ao lado da outra que estava sendo construída.
            Nas idas para do colégio, muitas vezes, providencialmente, pegávamos uma carona com o pai da Lizete, mas, na maioria das vezes, íamos caminhando e sempre encontrávamos os colegas, pelo caminho, e já íamos conversando, animadamente.
Eu, como sempre, “falando pelos cotovelos”, entre as meninas, me distraí, e não percebi, um daqueles enormes latões de lixo, que ficava em frente ao supermercado, no meio da calçada, e bati em cheio, quase caindo de cabeça dentro do latão.
            As  meninas, ficaram constrangidas, por não terem me avisado à tempo, mas, tratei de isenta-las de qualquer culpa, minimizando o acontecimento, levando tudo na brincadeira.
Afinal, ninguém tinha culpa, pois foi mais distração do que falha de visão.
Mas, em outra vez, na saída do mesmo colégio, ao descer da calçada, para atravessar uma rua de cascalhos, cheia de buracos, torci o pé e caí tão rápido, que nem deu tempo, de me apoiar nas meninas, ou, de que elas pudessem me segurar.
            Dois meninos, colegas de classe, que vinham atrás de nós, ao invés de correrem para me socorrer, ou pelo menos perguntar se eu precisava de ajuda, passaram por nós, dizendo:
— Feliz aterrissagem!
            Nooooossa!
Ficamos decepcionadas, indignadas com a atitude deles, já que eram dois dos “gatinhos” mais cobiçados da classe.
Apesar da dor, pela torção do tornozelo, nem falamos mais do meu tombo, e sim, da insensibilidade e falta de cavalheirismo da parte deles.
            Eles caíram muito no nosso conceito, naquela época. Agora, depois de tanto tempo, percebo que foi apenas, imaturidade.
Quanto à minha prima Lizete, desde aquele tempo, por estar sempre por perto nestas situações, me socorrendo e me amparando, é tambem considerada, meu “Anjo da Guarda”.
 

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A vida por 1 ponto de vista - Cap XVI (1ª Parte)

Tombos inesquecíveis

A minha mãe sempre lembra de uma, das incontáveis vezes que estávamos em férias, na casa de praia do meu tio ”Filico”, em São Francisco/São Sebastião,  e ela teve que ir para Poá, para resolver um probleminha rápido, e voltaria em dois dias
            Fiquei com meus tios e minha avó, Anna.
A casa fica entre a estrada BR 101 e a praia, que parece uma espécie de continuação do jardim.
Apesar de ter muitas pedras, nós conhecemos bem os lugares que podemos nadar em segurança.
            Na lateral da casa, tem um canal, por onde passa um riacho, em direção ao mar, que é coberto par lajes de concreto, formando uma entrada para os carros, com o pso bem áspero, ante derrapante, pois, esta laje acompanha o declive do terreno.
            Embora eu fosse bem pequena, naquela época, me lembro muito bem porque desta vez, que fiquei lá com a minha avó e minha tia, brincando aozinha nesta rampa, ralando todo o meu nariz.
            Quando a minha mãe voltou de Poá, eu fui encontrar com ela, chorosa, toda dengosa, e dizendo:
            — Não me cuidaram direito...
            Todos acharam tão engraçado, e lembram, até hoje, contando pra todo mundo, mais uma das minhas...

 

terça-feira, 30 de agosto de 2016

A vida por 1 ponto de vista - Cap XV

Correndo riscos

Em Caraguá, na Praia das Palmeiras, sempre fazíamos caminhadas. Para maior eficácia dos exercícios, contávamos a resistência da àgua.
            Quase sempre íamos para o norte, em direção ao centro da cidade, até o rio vermelho que marcava a divisa com a Praia do Indaiá.
            Antes de chegar no mar, o rio Vermelho se abria em um “delta”, mais raso, facilitanto a travessia.
Uma tarde, meu irmão, meu primo Nilton e eu, combinamos uma caminhada sem a companhia de adultos, pois, como toda criança e adolescente que éramos, estávamos curiosos para conhecer uma parte do rio acima, onde tinha a ponte da BR-101 que, rotineiramente. atravessávamos de carro.
Logo depois de atravessarmos o rio, na parte da praia, seguimos pela margem do rio que fazia uma curva, escondida por uma densa vegetação, que formava uma espécie de túnel, sobre o rio, que impossibilitava o ângulo de visão rio, de quem olhava da praia.
Como passávamos sempre por lá, esta impossibilidade acabou aguçando nossa curiosidade, e por isto, quando estávamos caminhando, pela manhã, combinamos de voltar lá, enquanto nossos pais, tios e avós, estivessem descansando ou distraídos, como se fosse uma grande aventura.
Constatamos que era um recanto lindo, e parecia que ali o rio já era bem mais fundo e com uma certa força na correnteza.
Como meu irmão e eu já tinhamos baixa visão, meu primo Nilton foi na frente, enfrentando os empecilhos e ao mesmo tempo, descrevendo e nos orientando.
Isso já era natural, para todos nós.
Rotineiro e inconsciente.
De repente, o Nilton pisou em uma parte arenosa e mole, e quanto mais ele se mexia, mais afundava.
Era areia movediça!
Ficamos muito assustados, pois já tínhamos conhecimento de casos, em que as pessoas eram engolidas e desapareciam nessas condições.
Apenas, desapareciam, e mais tarde deduziam o que havia acontecido com elas.
Ouvindo estas histórias, aprendemos que a pessoa nestas condições de perigo, deve se movimentar o menos possível até ser socorrido.
Então procutamos manter a calma e procuramos um galho bem forte, por perto, empurramos até ele, para que, assim, ele pudesse sair aos poucos, com a nossa ajuda, sem chegarmos muito perto, para não corrermos o risco de pisar naquela areia.
Assim que ele conseguiu sair, o dia já terminando, voltamos para casa, muito assustados, pensando no que poderia ter acontecido...
Combinamos de manter esta historia em semgredo, mas, depois de alguns dias, contamos para o tio Florentino, pendindo antes, que ele nos prometesse não contar à mais ninguém.
Nunca mais fomos à lugares desconhecidos sem um adulto por perto.
O susto foi grande demais, por isto a lição foi inesquecível.
 

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A vida por 1 ponto de vista - Cap XIV

A primeira grande viagem
 
A viagem para a Foz do Iguaçu, foi minha primeira e inesquecível, grande viagem, por causa da distancia e do tempo.
Eu estava com os meus pais, visitando uns tios,Cláudio e Ignez,  em um domingo à tarde, quando a Elayne, o Tico e seus pais, foram lá, nos procurar, para me convidar para ir com eles, em uma viagem de carro, para a Foz do Iguaçu.
Eles tinham acabado de comprar uma perua grande da Chevrolet, uma C14, azul-marinho com cortininhas amarelonas, que na época, achei muito legal, charmosa e interessante...
Fiquei alvoroçada com a idéia, e só agora me dou conta, que era preciso ter dinheiro disponível para uma viagem deste porte, mas, meus pais nunca deixaram transparecer este tipo de barreira.
Fizeram um acordo entre eles, e lá fui eu.
Fomos em 9 pessoas: os “tios”, a Elayne, o Tico, a avó Conceição, a Elen com seus pais, e eu.
Foi realmente, inesquecível.
Começamos, saindo bem cedinho rumo ao nosso primeiro destino: a Caverna do Diabo, onde fizemos a visita monitorada.
Eu nunca tinha entrado em uma caverna.
Embora meu pai já tivesse me mostrado uma estalactite e me ensinado a diferença dela, e da estalagmite, eu nunca as tinha visto em seu habitat; onde elas formavam ao longo de tantos anos.
Fascinante, como tudo o que nos é oferecido pela Mãe Natureza.
Aliás, esta viagem teve muitos detalhes que a tornaram tão especial. principalmente por este prisma: conhecer coisas tão perfeitas, tão maravilhosas, que só mesmo Deus poderia criar.
No final da tarde, estávamos em Vila Velha, conhecendo as esculturas naturais, formada pela força dos ventos nas rochas gigantescas.
É realmente, IMPRESSIONANTE!
Imagino o trabalho que dei para o “tio” Alcides e para o “Dinho”, pai da Elen, que me ajudavam lá no alto das pedras, à pular uma fenda
de grande profundidade, entre duas pedras gigantescas, com toda a segurança.
O ”tio” Alcides pulou promeiro e fez uma espécie de corrimão com o braço do “Dinho” para que eu pudesse fazer a travessia com toda segurança.
Assim, consegui aconmpanhá-los em toda a visita pelo parque.
Vimos o pôr do sol, em Furnas, uma união perfeita e  grandiosa entre natureza e tecnologia.
Aquela imagem, formada por luz e sompra em tons que iam do amarelo ao vermelho, do pôr-do-sol, ficou gravada em minha mente, como uma tatuagem...
Embora eu fosse ainda uma pré-adolescente, senti uma emoção tão grande, e uma forte sensação de que eu nunca mais veria uma paisagem, uma cena tão maravilhosa, ainda acompanhada de sons de pássaros e correntes de agua.
Mas, eu estava enganada, pois, o melhor, ainda estava por vir.
Em Ponta Grossa, ficamos rodando por algum tempo, até encontrarmos lugar em um hotel para passarmos a noite.
Estávamos tão cansados que logo que encontramos um hotel com acomodações disponíveis para todos nós, com preços razoáveis, todos concordaram em ficar por ali mesmo.
Mas,  era “sui generis”.
Tinha uma escada de madeira com o 7º ou 8º degrau com um buraco tão grande que caberia um pé inteiro; dele se podia ver o andar de baixo, tranquilamente.
Por isso, resolveram que a Elayne, a avó Conceição e eu, ficaríamos no andar de baixo, onde tinha um banheiro com vários chuveiros. daqueles ,que a gente vê os pés e a cabeça de quem está tomando banho.
Achamos muito divertido.
Parecia banheiro de clube.
Ali, tudo era motivo pra gente cair na risada.
Na manhã seguinde quando acordamos, tivemos mais uma surpresa, no mínimo, bizarra: ao abrir a janela do quarto...
Ops!
Dei de cara com uma parede e uma pequena linha de luz, que descia entre as duas construções; um vão de uns 20 cm de largura, no máximo.
Uma olhou pra outra, sem acreditar e de novo, caímos na risada.
Logo que encontramos com os outros, chamamos discretamente para que eles vissem tamanho absurdo, pois, se contássemos depois. Dificilmente eles acreditariam.
Saímos do hotel, comentando tudo aquilo.
Em Foz do Iguaçu, nosso destino final, fizemos o passeio de barco, que saía do lado do Brasil e ia até a “Garganta do Diabo” uma queda d’àgua, arredondada, com profundidade indefinível.
Uma espécie do poço gigantesco, difícil de descrever.
A força e o volume de água são tão grandes, que sobe uma espécie de névoa, aguçando nossa imaginação...
Fomos até lá, com um barco à remo, conduzido por um barqueiro experinete, que desceu do barco, umas duas vezes, empurrou, subiu novamente, mostrando seu conhecimento do lugar, mas nos deixando apreensivos.
Descemos do barco em uma pedra enorme perto da gigantesca e amedrontadora cascata.
Uma visão atraente e por isto mesmo, assustadora. Tive que controlar minha vontade de me jogar e me afastei, rapidamente me segurango em alguém do meu lado. Nem me lembro quem foi...
Uma atração perigosa.
O lugar não tinha qualquer proteção.
Senti uma mistura de atração e medo daquela força enorme da natureza.
Pouco tempo depois, fiquei sabendo pela TV, que esse passeio foi proibido, por falta de segurança, memo porque, durante o trajeto a gente passava com o barco à poucos metros da grande catarata.
Era realmente, muito arriscado.
Fico pensando naquela quantidade enorme de água, correndo o tempo todo, por anos e anos...
Vista do lado da Argentina, a sensação é completamente diferente: com parapeitos e toda a segurança.
A gente apenas aproveita a beleza de toda aquela imensidão de àgua e o som forte, abafando os cantos dos pássaros daquele parque tão lindo e exuberante, com uma biodiversidade estonteante. Um espetáculos de cores, perfumes e sons...
Uma quantidade enorme de tons de verde, as flores coloridas e os pássaros...
Pelo lado do Brasil, fomos até a Ponte da Amizade e atravessamos para conhecer a Ciudad del Leste, no Paraguai.
Naquela época, achei um lugar triste, com poucos recursos, onde as crianças nos abordam o tempo todo para vender coisas importadas bem baratas.
Acabei comprando uma caixa de meias e me surpreendi, quando constatei que não tinham as pontas dos pés! 
Também fomos conhecer um cassino: as roletas, os papa-níqueis, etc...
No outro dia, fomos á Praça das Três Bandeiras, onde as divisas do Brasil, Argentina e Paraguai se encontram.
Fiquei lembrando do mapa, que tinha os três países...
Eu estava lá!
Atravessando para a Argentina, fiquei surpresa com uma linda loja em estilo mediterrâneo, toda branca, com grandes vidros azuis, espelhados.
Ela ficava em uma esquina de ruas empoeiradas, de cascalho. Um contraste interessante que ficou marcado em minha memória.
Parecia um oásis.
As roupas e acessórios eram de muito bom gosto, como malhas lindas, de cashmere inglés e bolsas de pelica, argentinas.
Visitamos as cascatas, pelo lado do Brasil, onde tem uma espécie de passarela que fica paralela à parte mais extensa das Cataratas do Iguaçu.
Passamos pela bilheteria e descemos uns degraus.
Lá eles alugam botas ante-derrapantes e capas, para que a gente não se molhe com os respingos das cascatas.
Aqueles respingos parecem uma garoa fina que deixa o piso escorregadio.
Escorreguei logo no começo, assustando todo mundo, já que o balaústre tinha vãos bem grandes e eu passaria sem qualquer dificuldade.
Mas, sempre estava segurando no braço de alguém, e isto já me salvou de muitas quedas.
Fiquei imaginando, quem projetou aquele acesso tão próximo à cascata e como ela foi construída.
Acho que já sentia uma atração pela Arquitetura e pela Engenharia...
Quem trabalhou nesta obra, será que tinha a exata noção da grandiosidade deste projeto?
Será que eles ficaram tão deslumbrados com tudo aquilo, como eu?
A sensação de estar tão perto daquela imensidão de águas, vale qualquer susto.
Qualquer risco.
Nas duas vezes que estive lá, senti a mesma emoção: a proxiimidade da presença de Deus.
 
Eleita, uma das 7 maravilhas do mundo.

 

domingo, 28 de agosto de 2016

A vida por 1 ponto de vista - Cap XIII

 Aprendendo a dirigir

Minha prina Nancy, sempre foi mais que prima: uma irmã pra nós, meu irmão e eu.
Por isso, quando ela tirou carta, mesmo sendo pequenos, pedimos à ela nos ensinasse a dirigir.
Meu tio, tinha uma Kombi, e minhas pernas, mal alcançavam os pedais.
O fato de termos uma visão limitada, era tão natural, para nós três, que nem passou pela nossa cabeça, que isto fosse empecilho.
Íamos para um bairro bem deserto, de Poá, e lá, trocávamos de lugar com ela, que ia nos oeientando e assim, aprendemos a dirigir.
A felicidade que senti era indescritível. Uma mistura de sentimentos de liberdade, poder... Sei lá...
Me lembro que ficávamos até o final da tarde, aproveitando o final da lua do dia e vendo o por do sol, no alto da cidade Kemmel, naquela época, um bairro bem deserto e descampado.
Mais tarde, mesmo sabendo que não poderíamos tirar carteira de habilitação, agradeço á Deus e a minha prima, por ter aprendido a dirigir, poi, até hoja, acho que ter noções de direção, é uma questão de prevenção e segurança.
Eu sempre pensava na hipótese de  alguém que estivesse dirigindo ao meu lado, pudesse passar mal, ou qualquer coisa assim, e sabendo dirigir, eu poderia dar um jeito de conduzir o carro para um lugar seguro... Sei lá...
Meu pai, sempre matava nossa curiosidade enquanto dirigia, e ficávamos perguntando:
— Quando usar o pisca alerta?
— Porque não pode ultrapassar pela direita?
E nos aconselhava como se um dia, ainda fossemos dirigir:
— Sempre devemos prioridade aos veículos que estão à serviço, como: caminhões, ônibus, taxis, etc...
A Elayne, quase nossa irmã, também, quando tirou carta, me deixava dirigir na praia. Só pra matar a vontade...
Uma vez, quando estávamos indo para a casa dela, em São Paulo, fazendo um trajeto um pouco diferente, por uma avenida nova, em São Miguel Paulista, ao fazer uma curva para a esquerda, com paralelepípedos, o carro derrapou e ficou nas duas rodas da direita, e eu falei rápido, automaticamente:
— Tira o pé do freio! TIRA O PÉ DO FREIO!
Ela tirou, automaticamente.
O carro deu uma volta de 180º, e parou no acostamento da pista que estávamos, completamente contramão.
Graças à Deus, nessa época, a avenida, nova e pouco conhecida, tinha pouquíssimo transito, e por isto, não sofremos um, muito provável acidente, com graves consequências.
Quando vi que estávamos paradas na contramão, no acostamento, tive um ataque de riso, de tão nervosa e ao mesmo tempo, aliviada.
Saímos ilesas, pelas mãos, de Deus, tenho certeza.
Não sei como a Elayne conseguiu continuar dirigindo depois de um susto tão grande.
Ela simplesmente, fez a manobra, com cuidado, virando ao contrário e entrando novamente na avenida.
Eu fiquei totalmente descompensada, emocionalmente.
Ela me perguntou:
— Como você sabia que eu tinha que tirar o pé do breque, pra gente não capotar?
— Ah... Foi automático — acho que absorvi bem, as lições do meu pai...
E continuei:
— Sou curiosa e sempre fantasiei que era co-piloto do meu pai, da minha mãe, da Nancy, sua, ou de quem quer que estivesse no comando do volante.
 

Reflexões

Para cima, e para o alto!



Se um dia, menino

A vida lhe pega

Andando sem tino

Caindo na pedra



Não fica, menino

Por causa da pedra

Como o corpo fechado

Com um corpo de pedra



Um dia essa pedra

Com mêdo de alguém

Com o corpo em queda

Pode ir além

De um poço sem fim



Não fica, menino

Por causa da pedra

Com o corpo fechado

Com um corpo de pedra



Silvann@____