Carinhos
Memoráveis
Sempre me questiono. se nossos destinos.
Realmente, já vêm traçados.
Se sim, também a existência do tal livre arbítrio
Mas, em algumas situações, paraceemos fantoches nas mãos da
vida, que corre independente dos nossos planos e vontades
Este capítulo, é para registrar coisas que são, aparentemente pequenas,
mas para mim, são inesquecíveis.
Minhas tias, consangüíneas ou não,
tiveram uma grande participação na minha vida, e me deixaram lembranças
maravilhosas.
Com a tia Virgínia, irmã mais velha
da minha mãe, os interesses comuns eram infinitos: culinária, crochê, tricô,
tapeçaria, etc...
As férias na casa de todas as tias,
eram repletas de trocas, principalmente de declarações de amor...
Em uma dessas férias, passeando pelo
centro de Caraguá, vimos uma mochila para levar à escola, super “transada”: ela
era de lona cor de laranja, com detalhes acabamentos e alças feitos de uma imitação de verniz preto.
Era maravilhosa!
Fiquei encantada pela mochila, mas a
minha mãe, sempre com seu sentido prático, alegou que já tinha mais de uma
mochila para ir à escola e foi saindo da loja, distraidamente, conversando com
minha tia, sem perceber minha frustração.
Fiquei sonhando com a mochila.
Acho que sem conhecer a
PNL usei a técnica da mentalização, me vendo
chegando na escola, com aquela mochila linda...
A minha tia Virgínia, que tinha uma
sintonia muito forte comigo, percebeu o quanto eu desejei aquela mochila, e deu
seu jeitinho.
Um ou dois dias depois, no final das férias, quando já estávamos
passando pela rotatória da entrada de Caraguá, ela deu uma desculpa qualquer para passarmos pelo centro da cidade, e... Adivinha...?
Comprou aquela mochila linda, pra mim!!!
Ela disse que seria presente de
aniversário adiantado, mesmo faltando 3 meses!
Nunca mais esqueci deste dia, e
desta mochila, e principalmente da demonstração de amor da minha tia.
Ah, e quando eu operei a garganta,
para tirar as amigdalas?
O médico recomendou que eu ingerisse sorvete e sucos gelados,
mas eu não queria nada disso. Sentia dor e nenhum apetite.
A tia Virgínia me prometeu um presente, se eu tomasse um
pouquinho de sorvete. Imagine, ter que prometer um presente à uma criança, se
ela tomasse sorvete!
Só comigo mesmo, que não comia, nem gostava de nada, só
macarrãozinho tipo aletria (aquele que
chamam de cabelinho-de-anjo), com manteiga.
Então, ela me deu um presente incrível,
que fazia desenhos diferentes, e depois a gente podia pintar...
Era muito legal!
A tia Mechtilde, eu sempre chamei de minha mãe de leite, porque
uma vez a minha mãe teve que viajar, para levar meu irmão para Minas, e eu
ainda mamava no peito.
Era uma viagem curta, de um dia, ou
dois, não tenho certeza, mas sei que, como o meu primo “Fabinho” tinha nascido
dois meses antes de mim, a tia Mechtilde ficou comigo, e me amamentou.
Sempre adorei ouvir esta história.
Muitos anos depois, já formada há 5 anos em Arquitetura, resolvi
fazer hotelaria para me especializar em Arquitetura de Hotéis..
O curso era no SENAC, prócimo ao Mackenzie, e nós maravamos em
Poá, .
Fui ficando muito cansada de viajar todos os dias e ainda
estudar bastante, pois o curso não era nada fácil...
Também tinha a questão da visão limitada, e uma coisa que me
assombrava, era que eu poderia ter qualquer imprevisto, com as conduções, e escurecesse
antes que eu chegasse em cada, em segurança.
Algumas vezes, com a chegada do inverno, e o dias ficando mais
curtos, minha mãe teve que me encontrar no ponto de ônibus, já tinha
escurecido.
Quando meus tios, Fábio e Mechtilde, ficaram sabendo que eu
estava estudando em São Paulo, conhecendo bem minhas dificuldades, por conta da
deficiência visual, me convidaram para morar com eles, enquanto durasse o curso,
pois moravam em Perdizes, com acesso fácil para o SENAC, na Rua Dr Vila Nova.
Combinamos que eu ficaria lá, apenas alguns dias da semana, para
não me tornasse muito invasiva.
Foi um período muito gostoso.
Além de conviver mais com meu primo, tão amigo e companheiro, ainda
recebia dele o maior apoio logístico, com caronas frequentes, ou companhia até
o ponto do ônibus, na Rua Cardoso de Almeida.
Isto aconteceu, tanto no período do curso, quanto no período do
estágio na Paulista.
Minha prima e comadre, Mara, também morava no bairro, e esta
proximidade também me fez muito bem, pois podíamos nos ver frequentemente.
A convivência, com a tia, me trouxe uma bagagem e tanto.
Ficavamos horas, na cozinha,
conversando, falando de relacionamentos, psicologia, sentimentos, culinária,
etc...
Momentos inesquecíveis, como muitos
outros, que ficaram marcados, por fazerem com que eu me sentisse tão amada...