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São Paulo, SP, Brazil
Uma deficiente visual (Retinose Pigmentar), que vê a vida, como um presente à ser desfrutado.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A vida por 1 ponto de vista - Cap XI


Carinhos Memoráveis

            Sempre me questiono. se nossos destinos. Realmente, já vêm traçados.
Se sim, também a existência do tal livre arbítrio
Mas, em algumas situações, paraceemos fantoches nas mãos da vida, que corre independente dos nossos planos e vontades
Este capítulo, é para registrar coisas que são, aparentemente pequenas, mas para mim, são inesquecíveis.
Minhas tias, consangüíneas ou não, tiveram uma grande participação na minha vida, e me deixaram lembranças maravilhosas.
Com a tia Virgínia, irmã mais velha da minha mãe, os interesses comuns eram infinitos: culinária, crochê, tricô, tapeçaria, etc...
As férias na casa de todas as tias, eram repletas de trocas, principalmente de declarações de amor...
Em uma dessas férias, passeando pelo centro de Caraguá, vimos uma mochila para levar à escola, super “transada”: ela era de lona cor de laranja, com detalhes acabamentos e alças  feitos de uma imitação de verniz preto.
Era maravilhosa!
Fiquei encantada pela mochila, mas a minha mãe, sempre com seu sentido prático, alegou que já tinha mais de uma mochila para ir à escola e foi saindo da loja, distraidamente, conversando com minha tia, sem perceber minha frustração.
Fiquei sonhando com a mochila.
Acho que  sem conhecer a PNL usei a técnica da mentalização, me vendo  chegando na escola, com aquela mochila linda...
A minha tia Virgínia, que tinha uma sintonia muito forte comigo, percebeu o quanto eu desejei aquela mochila, e deu seu jeitinho.
Um ou dois dias depois, no final das férias, quando já estávamos passando pela rotatória da entrada de Caraguá, ela deu uma desculpa qualquer  para passarmos pelo centro da cidade, e... Adivinha...?
Comprou aquela mochila linda, pra mim!!!
Ela disse que seria presente de aniversário adiantado, mesmo faltando 3 meses!
Nunca mais esqueci deste dia, e desta mochila, e principalmente da demonstração de amor da minha tia.
Ah, e quando eu operei a garganta, para tirar as amigdalas?
O médico recomendou que eu ingerisse sorvete e sucos gelados, mas eu não queria nada disso. Sentia dor e nenhum apetite.
A tia Virgínia me prometeu um presente, se eu tomasse um pouquinho de sorvete. Imagine, ter que prometer um presente à uma criança, se ela tomasse sorvete!
Só comigo mesmo, que não comia, nem gostava de nada, só macarrãozinho tipo aletria  (aquele que chamam de cabelinho-de-anjo), com manteiga.
Então, ela me deu um presente incrível, que fazia desenhos diferentes, e depois a gente podia pintar...
Era muito legal!

A tia Mechtilde, eu sempre chamei de minha mãe de leite, porque uma vez a minha mãe teve que viajar, para levar meu irmão para Minas, e eu ainda mamava no peito.
Era uma viagem curta, de um dia, ou dois, não tenho certeza, mas sei que, como o meu primo “Fabinho” tinha nascido dois meses antes de mim, a tia Mechtilde ficou comigo, e me amamentou.
Sempre adorei ouvir esta história.
Muitos anos depois, já formada há 5 anos em Arquitetura, resolvi fazer hotelaria para me especializar em Arquitetura de Hotéis..
O curso era no SENAC, prócimo ao Mackenzie, e nós maravamos em Poá, .
Fui ficando muito cansada de viajar todos os dias e ainda estudar bastante, pois o curso não era nada fácil...
Também tinha a questão da visão limitada, e uma coisa que me assombrava, era que eu poderia ter qualquer imprevisto, com as conduções, e escurecesse antes que eu chegasse em cada, em segurança.
Algumas vezes, com a chegada do inverno, e o dias ficando mais curtos, minha mãe teve que me encontrar no ponto de ônibus, já tinha escurecido.
Quando meus tios, Fábio e Mechtilde, ficaram sabendo que eu estava estudando em São Paulo, conhecendo bem minhas dificuldades, por conta da deficiência visual, me convidaram para morar com eles, enquanto durasse o curso, pois moravam em Perdizes, com acesso fácil para o SENAC, na Rua Dr Vila Nova.
Combinamos que eu ficaria lá, apenas alguns dias da semana, para não me tornasse muito invasiva.
Foi um período muito gostoso.
Além de conviver mais com meu primo, tão amigo e companheiro, ainda recebia dele o maior apoio logístico, com caronas frequentes, ou companhia até o ponto do ônibus, na Rua Cardoso de Almeida.
Isto aconteceu, tanto no período do curso, quanto no período do estágio na Paulista.
Minha prima e comadre, Mara, também morava no bairro, e esta proximidade também me fez muito bem, pois podíamos nos ver frequentemente.
A convivência, com a tia, me trouxe uma bagagem e tanto.
Ficavamos horas, na cozinha, conversando, falando de relacionamentos, psicologia, sentimentos, culinária, etc...
Momentos inesquecíveis, como muitos outros, que ficaram marcados, por fazerem com que eu me sentisse tão amada...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A vida por 1 ponto de vista - Cap X


Acho que não vi o gatinho...

 

As casas, da minha avó e do tio “Filico”, sempre foram a extensão da minha e eu conhecia cada canto, cada degrau e por isso circulava por elas com desenvoltura como se visse tudo, normalmente.

Um dia, quando estava saindo pela porta da cozinha, que tinha dois degraus, pisei em uma coisa diferente, e quase caí.

Percebi que a gata, da minha prima Nancy, estava amamentando seus filhotes e um dos gatinhos andava, trôpego, cambaleando...

Corri, desesperada, para minha casa, chorando...

Cheguei, afogueada, pedindo ajuda, dizendo:

A... A... Acho que... Matei um gatinho...!

Meu pai, acabando de chegar do trabalho, falou que iria comigo ver se o gatinho estava bem, e disse:

— Calma... Gatos tem sete vidas...

Quando ele estava acabando a frase, minha avó Anna, entrou esbaforida, falando:

Ai, sabe que mataram um dos gatinhos, degolado...?

Caí no choro novamente, desesperada.

Quando a minha avó percebeu que fui eu quem pisou no gatinho e tentou contornar a situação, já era tarde, não dava mais para consertar.

Fiquei com um sentimento de culpa que carrego até hoje, embora tenha consciência de que não foi proposital, uma sensação de tristeza sempre vem à tona quando me lembro deste incidente.

Os bichinhos, são bênçãos da natureza.

  

Reflexões

Para cima, e para o alto!



Se um dia, menino

A vida lhe pega

Andando sem tino

Caindo na pedra



Não fica, menino

Por causa da pedra

Como o corpo fechado

Com um corpo de pedra



Um dia essa pedra

Com mêdo de alguém

Com o corpo em queda

Pode ir além

De um poço sem fim



Não fica, menino

Por causa da pedra

Com o corpo fechado

Com um corpo de pedra



Silvann@____