Deficiencia...?
Muitas vezes fiquei
observando e constatando que as pessoas tem freqüências e/ou sintonias mentais
que captam outras, que vivem as mesmas situações, ou pelo menos, parecidas e que
um imã invisível as atrai.
A
convivência com meu primo Eloy, que era paraplégico, desde que nasci, fez com
que eu visse a deficiência como uma coisa natural da vida.
E,
é!
Quando
mudamos para Apiaí, no interior de São Paulo, por causa do trabalho do meu pai,
meu irmão e eu, ganhamos muitos amigos que nos acolheram com tanto carinho, que
nunca nos esqueceremos, mesmo com a distância e o tempo que nos separa, levando
nossas vidas para outros rumos.
As
circunstancias nos levaram para caminhos diferentes, mas. o elo que nos uniu
nunca será rompido.
Tenho
certeza que eles lembram sempre da gente, tanto quanto nós, deles.
Um
dos amigos do meu irmão, tinha sido vítima da ”Paralisia Infantil”. Era arredio,
sério e, segundo a mãe dele, um tanto revoltado.
Acho
que quando descobriu que meu irmão tinha uma deficiência visual e convivia com
isso de maneira leve e natural, se sentiu mais à vontade diante das próprias dificuldades
e foi se aproximando, até começarem uma grande amizade.
Tenho
certeza que, se tornar amigo do meu irmão, foi um divisor de águas em sua vida;
que esta amizade foi um fator fundamental, na melhoria da qualidade de vida
psicológica dele, e principalmente, por que tudo isto aconteceu, em uma fase tão importante das nossas vidas: a adolescência.
Esse
garoto foi se abrindo para a vida, naturalmente, percebendo, gradativamente, que
a deficiência, seja ela qual for, não torna a pessoa melhor ou pior do que as
outras, apenas diferente, com suas caracteristicas próprias, como a cor dos
olhos, tipo de cabelo, etc...
Todo
mundo tem que conviver com suas deficiências, sejam elas físicas, intelectuais
, sociais, ou qualquer outra.
Ninguém
é dono da verdade; só esse fato, faz com que todos sejamos deficientes.
Ao
longo do tempo, esse nosso amigo, deve ter percebido que usar um aparelho na
perna, não interferiu em nada, na sua vida pessoal e profissional; ou que, pelo
menos, essa interferência, foi muito menor do que ele temia, assim como nós,
com a nossa deficiência visual.
Meu
irmão e eu, numca deixamos de viver experiências deliciosas, e muito menos nos
tornamos adolescentes e adultos amargos e introspectivos.
Sempre
levamos a vida e as dificuldades com bom humor, nos divertindo com situações
bizarras que passamos por causa da baixa visão.
A
convivência com nosso primo Eloy, e sua maneira sábia de encarar a vida, nos
ensinou muito, pois, sua tetraplegia, numca impediu que ele exalasse tanta
inteligência, bom humor e alegira de viver.
Com
o tempo, fui percebendo que existem deficiências muito piores, como: a de
caráter, de bom senso, de sensibilidade,
etc...