Tombos inesquecíveis – (3ª Parte)
Quando
entrei na faculdade (Arquitetura, Paisagismo e Urbanismo), mudamos para a casa
nova, meu irmão (cursando Direito) e eu, tinhamos que ir até a estação do trem,
próxima a casa dos meus avós, onde moramos provisoriamente, para pegar o trem
dos estudantes.
Ironias da vida.
O
lado bom, é que meu pai, meu pai nos dava carona, na ida, e encontrávamos, com
amigos que sempre nos ajudavam nos embarques e desembarques dos trens.
A viagem, já era uma festa, pois,
mesmo estudando em cursos diferentes, íamos todos juntos, e muitas vezes, na
volta, encontrávamos alguns amigo, pegando o trem no mesmo horário.
Um ano depois, a Elayne e o Rudson
também entraram na Arquitetura, e isso facilitou muuuuuito a minha vida, pois
me sentia mais segura, em contar com a companhia deles; depois de algum tempo, a Sílvia (que chamamos de Sílvia Mazzucca, por causa do sobrenome materno, e do seu tio-avõ, músico famoso), se juntou a pleiade dos meus anjos protetores.
Mas, nem sempre os nossos horários
coincidiam, mesmo depois que ficou pronta a Estação dos Estudantes, muitas
vezes, eu tive que voltar sozinha e como me sentia muito insegura, até hoje
tenho pesadelos, sentindo esta insegurança de ter que pegar o trem, sozinha,
com tanta dificuldade visual.
Na minha classe, a maioria dos
alunos era de São Paulo, e isto dificultou muito, nossa convivência fora da
faculdade, por isso as amizades não se aprofundaram, infelizmente.
Um dia, saindo mais cedo do que
esperava, por causa da falta de um professor, saí mais cedo, e quando estava
chegando no saguão de entrada, ao invés de virar à esquerda, no saguão, para
sair pela porta principal, resolvi ir em frente, até a cantina, para ver se
encontrava alguém conhecido que me acompanhasse até a astação,
Foi aí que dei azar.
Ao ir em frente, não percebi que
tinha uma caixa de inspeção, aberta,
sem qualquer
sinalização, e caí em um buraco de mais ou menos 40 cm de profundidade, espetando
um ferro estrutural, na “canela” direita.
A engenharia estava em peso, no
saguão, em uma reunião de diretório, e ao cair, de vergonha, saí imediatamente,
sentindo umas mãos, me ajudando e me apoiando.
Parecia um anjo saído do nada.
Era
o Celso, uma colega de classe.
Eu estava tão tonta, com tanta dor,
que fui em direção ao banheiro feminino, amparada por ele, sem lembrar que o
acesso era restrito às mulheres.
Em questão de minutos, uma funcionária
da faculdade, entrou, me dizendo que meu colega havia pedido para que ela
entrasse no banheiro e me ajudasse.
Ela me levou para o ultimo box, que
tinha chuveiro e ligou o chuveirinho para lavar o sangue da minha “canela” que
jorrava forte, impedindo que a agua limpasse o ferimento.
A
funcionária, então, enrolou um rolo inteiro de gase, bem forte, para estancar o
sangue prendendo a gase, com esparadrapo, para que eu pudesse pegar o trem, e
em Poá, procurar socorro.
Quando
estava saindo pela porta principal, o Celso e um amigo vieram logo atrás de
mim, que estava mancando. e o amigo dele brincou comigo, dizendo:
—Deixa
que eu chuto!
Fingi
que achei graça, morrendo de dor, e muito boba, nem pedi ajuda.
Logo
depois, encontrei com eles, rapidamente, na estação, com a dor aumentando, mas,
dando graças à Deus, não ter perdido o trem, pois, queria chegar em casa o mais
rápido possível.
Quando
cheguei na estação de Poá, ao descer do trem, o curativo começou a cair com o
peso do sangue. Estava encharcado.
Então,
com cuidado, fui até a farmácia do “seu” Pedrinho, e pedi para que ele fizesse
um curativo.
O
farmacêutico examinou com cuidado, e me disse que drtis mrlhor que alguém me
levasse ao Pronto Socorro, pois, o ferimento necessitava de pontos.
Ele
mesmo, ligou para minha casa e meu pai, veio me buscar, imediatamente.
Meu
pai, sempre tão cuidadoso com seu carro, estava tão nervoso, que ao abrir a
porta, bateu em um poste; mas, nem ligou.
Entrou
correndo na farmácia e me levou para o Pronto Socorro, enquanto eu fui contando
como tudo aconteceu.
Tiveram
que me dar 2 pontos internos e alguns externos, o que me surpreendeu, por ser
uma parte tão perto do osso, uma injeção antitetanica. Com uma dose “cavalar”
de analgésico.
No
dia seguinte, quando meus colegas de classe, me viram de muletas, e aquele curativo
enorme, ficaram surpresos, pois, não tinham noção de que o ferimento havia sido
tão grave.
Só,
então, tive oportunidade de agradecer ao Celso, pelo seu socorro tão
providencial.
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