A
primeira grande viagem
A viagem para a Foz do Iguaçu, foi minha primeira e inesquecível,
grande viagem, por causa da distancia e do tempo.
Eu estava com os meus pais, visitando uns tios,Cláudio e Ignez, em um domingo à tarde, quando a Elayne, o Tico
e seus pais, foram lá, nos procurar, para me convidar para ir com eles, em uma
viagem de carro, para a Foz do Iguaçu.
Eles tinham acabado de comprar uma perua grande da Chevrolet, uma
C14, azul-marinho com cortininhas amarelonas, que na época, achei muito legal,
charmosa e interessante...
Fiquei alvoroçada com a idéia, e só agora me dou conta, que era
preciso ter dinheiro disponível para uma viagem deste porte, mas, meus pais
nunca deixaram transparecer este tipo de barreira.
Fizeram um acordo entre eles, e lá fui eu.
Fomos em 9 pessoas: os “tios”, a Elayne, o Tico, a avó Conceição,
a Elen com seus pais, e eu.
Foi realmente, inesquecível.
Começamos, saindo bem cedinho rumo ao nosso primeiro destino: a
Caverna do Diabo, onde fizemos a visita monitorada.
Eu nunca tinha entrado em uma caverna.
Embora meu pai já tivesse me mostrado uma estalactite e me
ensinado a diferença dela, e da estalagmite, eu nunca as tinha visto em seu habitat; onde elas formavam ao longo de
tantos anos.
Fascinante, como tudo o que nos é oferecido pela Mãe Natureza.
Aliás, esta viagem teve muitos detalhes que a tornaram tão
especial. principalmente por este prisma: conhecer coisas tão perfeitas, tão
maravilhosas, que só mesmo Deus poderia criar.
No final da tarde, estávamos em Vila Velha, conhecendo as
esculturas naturais, formada pela força dos ventos nas rochas gigantescas.
É realmente, IMPRESSIONANTE!
Imagino o trabalho que dei para o “tio” Alcides e para o “Dinho”,
pai da Elen, que me ajudavam lá no alto das pedras, à pular uma fenda
de
grande profundidade, entre duas pedras gigantescas, com toda a segurança.
O ”tio” Alcides pulou promeiro e fez uma espécie de corrimão com
o braço do “Dinho” para que eu pudesse fazer a travessia com toda segurança.
Assim, consegui aconmpanhá-los em toda a visita pelo parque.
Vimos o pôr do sol, em Furnas, uma união perfeita e grandiosa entre natureza e tecnologia.
Aquela imagem, formada por luz e sompra em tons que iam do
amarelo ao vermelho, do pôr-do-sol, ficou gravada em minha mente, como uma
tatuagem...
Embora eu fosse ainda uma pré-adolescente, senti uma emoção tão
grande, e uma forte sensação de que eu nunca mais veria uma paisagem, uma cena
tão maravilhosa, ainda acompanhada de sons de pássaros e correntes de agua.
Mas, eu estava enganada, pois, o melhor, ainda estava por vir.
Em Ponta Grossa, ficamos rodando por algum tempo, até
encontrarmos lugar em um hotel para passarmos a noite.
Estávamos tão cansados que logo que encontramos um hotel com
acomodações disponíveis para todos nós, com preços razoáveis, todos concordaram
em ficar por ali mesmo.
Mas, era “sui generis”.
Tinha uma escada de madeira com o 7º ou 8º degrau com um buraco
tão grande que caberia um pé inteiro; dele se podia ver o andar de baixo,
tranquilamente.
Por isso, resolveram que a Elayne, a avó Conceição e eu,
ficaríamos no andar de baixo, onde tinha um banheiro com vários chuveiros.
daqueles ,que a gente vê os pés e a cabeça de quem está tomando banho.
Achamos muito divertido.
Parecia banheiro de clube.
Ali, tudo era motivo pra gente cair na risada.
Na manhã seguinde quando acordamos, tivemos mais uma surpresa,
no mínimo, bizarra: ao abrir a janela do quarto...
Ops!
Dei de cara com uma parede e uma pequena linha de luz, que descia
entre as duas construções; um vão de uns 20 cm de largura, no máximo.
Uma olhou pra outra, sem acreditar e de novo, caímos na risada.
Logo que encontramos com os outros, chamamos discretamente para que
eles vissem tamanho absurdo, pois, se contássemos depois. Dificilmente eles
acreditariam.
Saímos do hotel, comentando tudo aquilo.
Em Foz do Iguaçu, nosso destino final, fizemos o passeio de
barco, que saía do lado do Brasil e ia até a “Garganta do Diabo” uma queda
d’àgua, arredondada, com profundidade indefinível.
Uma espécie do poço gigantesco, difícil de descrever.
A força e o volume de água são tão grandes, que sobe uma espécie
de névoa, aguçando nossa imaginação...
Fomos até lá, com um barco à remo, conduzido por um barqueiro
experinete, que desceu do barco, umas duas vezes, empurrou, subiu novamente,
mostrando seu conhecimento do lugar, mas nos deixando apreensivos.
Descemos do barco em uma pedra enorme perto da gigantesca e amedrontadora
cascata.
Uma visão atraente e por isto mesmo, assustadora. Tive que controlar
minha vontade de me jogar e me afastei, rapidamente me segurango em alguém do
meu lado. Nem me lembro quem foi...
Uma atração perigosa.
O lugar não tinha qualquer proteção.
Senti uma mistura de atração e medo daquela força enorme da
natureza.
Pouco tempo depois, fiquei sabendo pela TV, que esse passeio foi
proibido, por falta de segurança, memo porque, durante o trajeto a gente
passava com o barco à poucos metros da grande catarata.
Era realmente, muito arriscado.
Fico pensando naquela quantidade enorme de água, correndo o
tempo todo, por anos e anos...
Vista do lado da Argentina, a sensação é completamente
diferente: com parapeitos e toda a segurança.
A gente apenas aproveita a beleza de toda aquela imensidão de
àgua e o som forte, abafando os cantos dos pássaros daquele parque tão lindo e
exuberante, com uma biodiversidade estonteante. Um espetáculos de cores,
perfumes e sons...
Uma quantidade enorme de tons de verde, as flores coloridas e os
pássaros...
Pelo lado do Brasil, fomos até a Ponte da Amizade e atravessamos
para conhecer a Ciudad del Leste, no Paraguai.
Naquela época, achei um lugar triste, com poucos recursos, onde
as crianças nos abordam o tempo todo para vender coisas importadas bem baratas.
Acabei comprando uma caixa de meias e me surpreendi, quando
constatei que não tinham as pontas dos pés!
Também fomos conhecer um cassino: as roletas, os papa-níqueis,
etc...
No outro dia, fomos á Praça das Três Bandeiras, onde as divisas
do Brasil, Argentina e Paraguai se encontram.
Fiquei lembrando do mapa, que tinha os três países...
Eu estava lá!
Atravessando para a Argentina, fiquei surpresa com uma linda
loja em estilo mediterrâneo, toda branca, com grandes vidros azuis, espelhados.
Ela ficava em uma esquina de ruas empoeiradas, de cascalho. Um
contraste interessante que ficou marcado em minha memória.
Parecia um oásis.
As roupas e acessórios eram de muito bom gosto, como malhas
lindas, de cashmere inglés e bolsas
de pelica, argentinas.
Visitamos as cascatas, pelo lado do Brasil, onde tem uma espécie
de passarela que fica paralela à parte mais extensa das Cataratas do Iguaçu.
Passamos pela bilheteria e descemos uns degraus.
Lá eles alugam botas ante-derrapantes e capas, para que a gente
não se molhe com os respingos das cascatas.
Aqueles respingos parecem uma garoa fina que deixa o piso escorregadio.
Escorreguei logo no começo, assustando todo mundo, já que o
balaústre tinha vãos bem grandes e eu passaria sem qualquer dificuldade.
Mas, sempre estava segurando no braço de alguém, e isto já me
salvou de muitas quedas.
Fiquei imaginando, quem projetou aquele acesso tão próximo à
cascata e como ela foi construída.
Acho que já sentia uma atração pela Arquitetura e pela Engenharia...
Quem trabalhou nesta obra, será que tinha a exata noção da
grandiosidade deste projeto?
Será que eles ficaram tão deslumbrados com tudo aquilo, como eu?
A sensação de estar tão perto daquela imensidão de águas, vale
qualquer susto.
Qualquer risco.
Nas duas vezes que estive lá, senti a mesma emoção: a proxiimidade
da presença de Deus.
Eleita, uma das 7 maravilhas do mundo.