Correndo riscos
Em Caraguá, na Praia das Palmeiras, sempre fazíamos caminhadas.
Para maior eficácia dos exercícios, contávamos a resistência da àgua.
Quase sempre íamos para o norte, em
direção ao centro da cidade, até o rio vermelho que marcava a divisa com a
Praia do Indaiá.
Antes de chegar no mar, o rio
Vermelho se abria em um “delta”, mais raso, facilitanto a travessia.
Uma tarde, meu irmão, meu primo Nilton e eu, combinamos uma
caminhada sem a companhia de adultos, pois, como toda criança e adolescente que
éramos, estávamos curiosos para conhecer uma parte do rio acima, onde tinha a
ponte da BR-101 que, rotineiramente. atravessávamos de carro.
Logo depois de atravessarmos o rio, na parte da praia, seguimos
pela margem do rio que fazia uma curva, escondida por uma densa vegetação, que
formava uma espécie de túnel, sobre o rio, que impossibilitava o ângulo de
visão rio, de quem olhava da praia.
Como passávamos sempre por lá, esta impossibilidade acabou
aguçando nossa curiosidade, e por isto, quando estávamos caminhando, pela
manhã, combinamos de voltar lá, enquanto nossos pais, tios e avós, estivessem
descansando ou distraídos, como se fosse uma grande aventura.
Constatamos que era um recanto lindo, e parecia que ali o rio já
era bem mais fundo e com uma certa força na correnteza.
Como meu irmão e eu já tinhamos baixa visão, meu primo Nilton
foi na frente, enfrentando os empecilhos e ao mesmo tempo, descrevendo e nos
orientando.
Isso já era natural, para todos nós.
Rotineiro e inconsciente.
De repente, o Nilton pisou em uma parte arenosa e mole, e quanto
mais ele se mexia, mais afundava.
Era areia movediça!
Ficamos muito assustados, pois já tínhamos conhecimento de
casos, em que as pessoas eram engolidas e desapareciam nessas condições.
Apenas, desapareciam, e mais tarde deduziam o que havia
acontecido com elas.
Ouvindo estas histórias, aprendemos que a pessoa nestas condições
de perigo, deve se movimentar o menos possível até ser socorrido.
Então procutamos manter a calma e procuramos um galho bem forte,
por perto, empurramos até ele, para que, assim, ele pudesse sair aos poucos,
com a nossa ajuda, sem chegarmos muito perto, para não corrermos o risco de
pisar naquela areia.
Assim que ele conseguiu sair, o dia já terminando, voltamos para
casa, muito assustados, pensando no que poderia ter acontecido...
Combinamos de manter esta historia em semgredo, mas, depois de
alguns dias, contamos para o tio Florentino, pendindo antes, que ele nos
prometesse não contar à mais ninguém.
Nunca mais fomos à lugares desconhecidos sem um adulto por perto.
O susto foi grande demais, por isto a lição foi inesquecível.
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