Aprendendo a dirigir
Minha prina Nancy, sempre foi mais que prima: uma irmã pra nós, meu
irmão e eu.
Por isso, quando ela tirou carta, mesmo sendo pequenos, pedimos à
ela nos ensinasse a
dirigir.
Meu tio, tinha uma Kombi, e minhas pernas, mal alcançavam os
pedais.
O fato de termos uma visão limitada, era tão natural, para nós três,
que nem passou pela nossa cabeça, que isto fosse empecilho.
Íamos para um bairro bem deserto, de Poá, e lá, trocávamos de lugar
com ela, que ia nos oeientando e assim, aprendemos a dirigir.
A felicidade que senti era indescritível. Uma mistura de sentimentos
de liberdade, poder... Sei lá...
Me lembro que ficávamos até o final da tarde, aproveitando o
final da lua do dia e vendo o por do sol, no alto da cidade Kemmel, naquela
época, um bairro bem deserto e descampado.
Mais tarde, mesmo sabendo que não poderíamos tirar carteira de
habilitação, agradeço á Deus e a minha prima, por ter aprendido a dirigir, poi,
até hoja, acho que ter noções de direção, é uma questão de prevenção e segurança.
Eu sempre pensava na hipótese de alguém que estivesse dirigindo ao meu lado, pudesse
passar mal, ou qualquer coisa assim, e sabendo dirigir, eu poderia dar um jeito
de conduzir o carro para um lugar seguro... Sei lá...
Meu pai, sempre matava nossa curiosidade enquanto dirigia, e ficávamos
perguntando:
— Quando usar o pisca alerta?
— Porque não pode ultrapassar pela direita?
E nos aconselhava como se um dia, ainda fossemos dirigir:
— Sempre devemos prioridade aos veículos que estão à serviço,
como: caminhões, ônibus, taxis, etc...
A Elayne, quase nossa irmã, também, quando tirou carta, me
deixava dirigir na praia. Só pra matar a vontade...
Uma vez, quando estávamos indo para a casa dela, em São Paulo,
fazendo um trajeto um pouco diferente, por uma avenida nova, em São Miguel
Paulista, ao fazer uma curva para a esquerda, com paralelepípedos, o carro
derrapou e ficou nas duas rodas da direita, e eu falei rápido, automaticamente:
— Tira o pé do freio! TIRA O PÉ DO FREIO!
Ela tirou, automaticamente.
O carro deu uma volta de 180º, e parou no acostamento da pista
que estávamos, completamente contramão.
Graças à Deus, nessa época, a avenida, nova e pouco conhecida, tinha
pouquíssimo transito, e por isto, não sofremos um, muito provável acidente, com
graves consequências.
Quando vi que estávamos paradas na contramão, no acostamento,
tive um ataque de riso, de tão nervosa e ao mesmo tempo, aliviada.
Saímos ilesas, pelas mãos, de Deus, tenho certeza.
Não sei como a Elayne conseguiu continuar dirigindo depois de um
susto tão grande.
Ela simplesmente, fez a manobra, com cuidado, virando ao contrário
e entrando novamente na avenida.
Eu fiquei totalmente descompensada, emocionalmente.
Ela me perguntou:
— Como você sabia que eu tinha que tirar o pé do breque, pra gente
não capotar?
— Ah... Foi automático — acho que absorvi bem, as lições do meu
pai...
E continuei:
— Sou curiosa e sempre fantasiei que era co-piloto do meu pai,
da minha mãe, da Nancy, sua, ou de quem quer que estivesse no comando do
volante.
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