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Uma deficiente visual (Retinose Pigmentar), que vê a vida, como um presente à ser desfrutado.

terça-feira, 12 de maio de 2015

A vida por 1 ponto de vista - Cap III


Quanta imaginação!

 

Quando mudei, com a minha família, para Apiaí, uma cidade do interior do estado de São Paulo, criei o hábito de escrever muitas cartas para os meus amigos e parentes, e depois, quando voltei a morar em Poá, só inverti a direção dos destinatários.

Troquei correspondências com os meus amigos de Apiaí, por muito tempo.

Infelizmente este hábito foi escasseando, até pararmos.

Uma pena!

Sinto muitas saudades dos meus amigos de lá, e tenho muito poucas notícias deles.

Como eu sempre gostei de escrever, a Elayne, minha amiga de infância, vivia dizendo que eu deveria escrever um livro, mas eu nunca me senti com imaginação suficiente para isto.

Acho que fui perdendo o senso criativo ao longo do tempo.

A minha mãe sempre conta que desde muito pequena, além de ser muito tagarela, tinha uma imaginação fértil, e se eu cultivasse isto, sem a censura que a gente vai adquirindo ao longo dos anos, acho que eu seria uma escritora de enredos rocambolescos...

Ela tinha uma tia, que fez uma viagem com a gente, e ficou tão encantada comigo, que sugeriu que a sua neta tivesse meu nome, e a nora grávida, aceitou a sugestão,

Nesta viagem, eu ficava falando o tempo todo, como se tivesse contando uma história, e ia acrescentando tudo o que via, ou com a ajuda da minha mãe, na história.

Eu via uma vaquinha, e falava:

— A menina, tinha uma vaquinha...

E minha mãe perguntava:

— De que cor?

E eu descrevia a vaquinha:

— Branca e preta, com um rabo comprido, e andava atrás da menina...

Depois eu via uma árvore:

— E elas foram até uma árvore, e sentaram na sompra pra descansar...

E vendo uma casa...

— depois voltaram para a casa da menina...

E minha mãe::

— Como era a casa da menina?

E eu contava:

— Branca, com a porta e as janelas pintadas de vermelho...

E assim, a viagem longa, foi passando rapidamente, e me distraindo, eu não me sentia enjoada.

O que acontecia muito, e a minha mãe tentava evitar de todas as maneiras possíveis, inclusive aguçando a minha imaginação.

Boa tática.

Na maioria das vezes, funcionava.

 

Uma das histórias que minha mãe sempre conta, é que eu estava brincando de casinha, de faz-de-conta, na sala da casa da minha avó Júlia, que até hoje a gente chama de sobradão, e no meu mundo de faz-de-conta.

Ofereci café pra todos que estavam na sala, provavelmente imitando a minha mãe, me dirigindo de de um por um:

— Aceita um cafézinho...?

— Aceita um cafézinho...?

— Aceita um cafézinho...?

Depois parava no meio da sala, como a minha mãe, e olhava para cada um, contando:

— Um... Dois... Três... Quatro...

— Então... São cinco cafezinhos.

E ia em direção á mesa da sala de jantar, e fingia colocar o café nas xicaras, fingia pegar o açucareiro e colocar o açúcar, e mexer...

Continuando a cena imaginãria, coloquei tudo na bandeja, e voltei para a sala fingindo servindo o café, um por um.

Enquanto fazia isso, tocaram a campainha, e como estava em pé no centro da sala, minha mãe falou:

—Sil, veja que está no portão.

Eu olhei para as minhas mãozinhas vazias, na posição de quem está segurando uma bandeja, e titubiei, olhando em redor.
Todo mundo percebeu que eu estava procurando um lugar para apoiar a bandeja invisível... E caíram na risada.

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Reflexões

Para cima, e para o alto!



Se um dia, menino

A vida lhe pega

Andando sem tino

Caindo na pedra



Não fica, menino

Por causa da pedra

Como o corpo fechado

Com um corpo de pedra



Um dia essa pedra

Com mêdo de alguém

Com o corpo em queda

Pode ir além

De um poço sem fim



Não fica, menino

Por causa da pedra

Com o corpo fechado

Com um corpo de pedra



Silvann@____