Nancy - 1ª Parte
Não sei bem se ela é minha prima...
Para mim, é minha irmã.
Irmã de sangue...
Irmã de alma...
É uma sábia; que pra gente parece que
vai para outra dimensão com mais facilidade do que qualquer monge tibetano com
prática em meditação em alcançar o Nirvana em poucos segundos...
Fico impressionada com a capacidade que
tem em me surpreender, com seu jeito displicente, natural, e com tanta
sabedoria, me deixando grandes ensinamentos.
Não só pelo seu jeito de ver o mundo, por
tudo que compartilhamos...
Não só por morarmos tão próximas, mas
pela simples e tão importante, afinidade.
Quando não passávamos as férias todas
juntas, na casa de praia dos seus pais, em São Francisco da Praia (São Sebastião),
a gente sempre dava um jeito de passar ao menos alguns dias, juntas.
Assim como convivemos naturalmente com a
deficiência física do seu irmão, Eloy, eles também encaravam com naturalidade a
baixa visão do meu irmão e a minha.
Nós compartilhavamos tudo, e quando ela
aprendeu a dirigir, ensinou a gente, também.
Eu, mal conseguia alcançar os pedais
da Kombi, do meu tio, e mesmo assim, ela
não pestanejou quando pedi para tentar, depois do meu irmão.
Um bom argumento, para meus pais que
souberam só quando voltamos da aula de direção, foi:
—E se alguém passa mal dirigindo...? — falei,
com segurança— Preciso, no mínimo, saber enconstar o carro em um lugar seguro,
para esperar ajuda...
Acho que, ao longo da minha vida, fui
desenvolvendo a capacidade de argumentar e a perseverar, diante das
adversidades.
Fui me tornando mais determinada e
considerando a perseverança um caminho natural para alcançar meus objetivos.
Também desenvolvi um bom senso de
orientação; todas as vezes que saímos
juntas, ela me pergunta qual o melhor caminho. Eu vou indicando, e ela segue
com a maior segurança, pois, na grande maioria das vezes, eu acerto.
Meu marido, quando nos conhecemos, achou
isto tão inacreditável, que quando eu fui ensinar o caminho para a minha casa,
ele não confiou, e se perdeu.
Já tinha escurecido.
Ele resolveu voltar atrás e seguir
minhas orientações, e só assim, deu tudo certo.
Muita gente hoje em dia, se admira ao
saber que eu aprendi a dirigir.
Uma vez, pedi a um namorado, para me dar
uma prova de confiança, e me deixar dirigir na serrinha que fica entre São
Sebastião e Caraguatatuba.
Ainda por cima, cruzamos com um carro da
polícia rodoviária, que diminuiu a velocidade, e desconfiada, quase retornou
atrás de nós.
Eu continuei, firme, demonstrando
confiança, e eles seguiram seu caminho.
Quando chegamos na casa de Caraguá, meu
namorado estava com uma enxaqueca que durou dois dias!!!
Ninguém ficou sabendo o motivo...
Outro dia, minha amiga Lena, me deu
outra prova de confiança: eu disse que tinha sonhado que não sabia mais
dirigir, e gostaria de tentar, novamente, e ela me ofereceu seu carro
(novinho!), para que eu tentasse e tirasse essa dúvida.
E as lições da Nancy, voltaram
nitidamente e eu fiz tudo direitinho!
Muitas vezes, percebo que nem as pessoas
que convivem comigo, tem a noção exata de como eu enxergo.
Talvez, nem eu mesma, já que o quadro
vem se agravando e quando me dou conta, não consigo mais ler ou fazer algum
trabalho manual, com a facilidade de antes.
Ao contrário. A dificuldade é
surpreendente.
Por isso estava lembrando de duas coisas
que aconteceram quando eu estava com a Nancy, dentre milhares de outras.
(Continua no próximo post)
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